domingo, outubro 22, 2006

Mad World

All around me are familiar faces
Worn out places, Worn out faces
Bright and early for the daily races
Going nowhere, Going nowhere
Their tears are filling up their glasses
No expression, No expression
Hide my head I want to drown my sorrows
No tomorrow, No tomorrow

And I find it kind of funny, I find it kind of sad
These dreams in which i'm dying, Are the best I've ever
find it hard to tell you, I find it hard to take
When people run in circles its a very very
Mad World, Mad World

Children waiting for the day they feel good
Happy Birthday, Happy Birthday
And they feel the way that every child should
Sit and listen, Sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me, No one knew me
Hello teacher tell me whats my lesson
Look right through me, Look right through me

And I find it kind of funny, I find it kind of sad
The dreams in which i'm dying, Are the best I've ever had
I find it hard to tell you, I find it hard to take
When people run in circles it's a very very
Mad World, Mad World

Enlargen your world

Mad World

Mad World - Gary Jules (Donnie Darko Soundtrack)

terça-feira, outubro 10, 2006

Voltarei atrás...

Voltarei atrás quando pisar o meu orgulho e quebrar o nó
Quando souber o que me amarra e prende a minha voz

Voltarei atrás quando o teu laço não quebrar jamais
Quando quiseres roubar-me o pensamento e nunca mais…

Voltarei atrás quando conseguir sonhar o meu viver sem acordar
Quando o teu rasto percorrer o meu caminho sem me prender

Voltarei atrás quando o meu corpo dançar ao som da tua canção
Quando nada mais me poder demover da tentação

Voltarei atrás quando os teus pés seguirem os meus passos
Quando a verdade se sobrepuser sobre o cansaço

Voltarei a trás quando experimentares a amargura da solidão
Quando saltar a derradeira escada e não houver mais chão

Voltarei atrás quando os teus olhos forem lágrimas do meu perdão
Quando sentires o derramar do sangue que se esvai em mim

quinta-feira, agosto 24, 2006

Uma estória...

Apetecia-me soltar as correias que me prendiam os movimentos mas percebi que o que me agarrava àquela cama não era mais do que o meu corpo, o meu pesaroso corpo.
Pela primeira vez tive noção da minha impotência. Senti-me iútil e cansado. Tive a sensação de estar a viver uma vida que não era a minha, mas que o destino (ou lá o que isso é) se tinha encarregado de por no corredor onde eu haveria de passar. Era como se alguém me tivesse colocado uma armadilha e eu não tivesse percebido, agora era tarde de mais para me conseguir soltar.
Naquele instante um turbilhão de ideias, nomes, pessoas, vidas vagueavam na minha cabeça. Aliás, tempo era decididamente o que não me faltava e utilizava-o para pensar. Agora que não tinha tempo para fazer nada, tinha todo o tempo para pensar em tudo. E pudesse eu diminuir esse tempo e minimizar a minha dor… E pudesse eu desligar o meu cérebro e parar o meu coração… Se eu pudesse…

Hoje pedi que me trouxessem um espelho, queria olhar-me e saber se ainda me reconhecia, se o meu corpo ainda era meu. Não me consegui ver na imagem que o espelho reflectia. Lamentavelmente já o esperava. Percebi que não sou mais do que matéria, uma emaranhado de órgãos que teimam em continuar a sua função, envoltos por uma pele seca, rugosa, sem textura e um rosto sem expressão, sem cor.
Nada do que fui e pensei ser é o que sou.
Revolto-me porque nunca imaginei o meu fim como agora se me afigura e sei que nada posso fazer para o alterar, nem mesmo antecipar esse fim que desejo tão intensamente.



Sabia que esperavas pacientemente por aquele dia em que dirias “adeus” a tudo o que te rodeava. Aquele último mês tinha-se tornado demasiado penoso para que pudesses sentir vontade de lutar pelo que quer que fosse. Mas isso não me impediu de desejar que a tua vida se prolongasse por mais e mais tempo. Queria ter-te cá, queria saber que estarias aqui e que podia estar contigo sempre que pudesse. Egoísmo?! Talvez, mas a estima e o amor que sentia por ti não me deixou, nem por um segundo, desejar a tua partida.

Mas o teu desejo concretizou-se e a minha dor exacerbou, como temia.
Sinto-me o nada que sou e agora compreendo-te.
A minha cabeça anda às voltas, completamente perdida, sem rumo. E invariavelmente não consigo pensar em mais nada senão na tua presença (agora ausência). Nada mais me interessa, queria tanto não ter de viver este pesadelo.
Sabia que se pudesses me terias deixado o que eu queria receber, um pedaço de ti. Mas as únicas coisas que me deixaste são materiais e é a essas que agora me agarro para me sentir mais perto de ti.

Olho para o quarto que te acompanhou no último mês e absorvo cada canto, cada mobília e cada objecto que estiveram contigo.
Sento-me na cama. Parece confortável, mas tão fria, que me arrepio.
Reparo que na mesa de cabeceira estão os teu óculos, um livro e uma caneta. Pego no livro. Não chegaste a terminá-lo. Decido lê-lo, como se isso te desse a possibilidade de conhecer o seu fim. Folheio-o e no meio encontro um pedaço de papel com a tua letra. Todo o meu corpo estremeceu. Fecho os olhos e volto a abri-los com toda a força. Respiro fundo para recuperar o fôlego e começo a ler o que escreveste em voz alta, na esperança de ouvir a tua voz, em substituição da minha, dizer o que não tiveste tempo para me dizer:
“Hoje acordei e soube que era a última vez que o fazia.
Apeteceu-me rir, mas só consegui chorar.
Estranhamente senti falta da minha vida e pela primeira vez quis agarrá-la por mais um dia, mais um segundo, por uma eternidade”.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Voltei

Saudações!

Obrigada a todos pelos comentários e pela preocupação com a minha "ausência". Após uns dias de férias (poucos) e o regresso ao trabalho e à rotina diária, estou de volta ao meu cantinho...

Algumas aquisições feitas nas férias:












Já falta pouco para completar a minha colecção de filmes do David Lynch! :)

domingo, junho 25, 2006

quarta-feira, junho 21, 2006

Delírios

Em oposição à tua verdade, desenhei num estrado aquilo que parece ser a minha monumental incongruência.
Delirante por conseguir exprimir o que não sei dizer, vibro e balanceio suspensa numa harpa.
Toco notas musicalmente monótonas, arrepiantes para quem não as consegue entender.
Julgo-me perdida e cansada de infrutuosamente tentar controlar a minha demência.
Tento a todo o custo camuflá-la sob a forma de "diferença", mas sem sucesso.
Meço as consequências da tirania e entrego-me ao esplendor da loucura.
Vagueio atordoada, com passos sombrios que não são meus e piso o teu fado sem querer.
Peço desculpa e continuo.
Para onde?
Porque ?
Para que?
Não sei...
Mas continuo...

segunda-feira, junho 12, 2006

Eternity Part III


So little time
Your crystal eyes gaze into mine
A burning flame
Forever dreaming, dreaming a lie

Trapped inside internal eyes
Caressed by innocence, a sanctuary for your mind
Born alone beneath pale sardonic skies
One love, one life, one sorrow

I won't reproach myself this time
A condemned man, granted a sweet reprieve
A turn of fate, a genial twist of the knife
Undying affection for life
[Lyrics & Music: D.Patterson]

segunda-feira, maio 29, 2006

Mulher em Branco


Ontem acabei de ler o livro "Mulher em Branco" do Rodrigo Guedes de Carvalho e devo confessar que me deu mesmo prazer enorme ler cada uma daquelas linhas..
É a primeira vez que leio um livro deste escritor (jornalista e argumentista) e estou verdadeiramente surpreendida pela positiva.

Acho que tem um modo distinto de escrever (diria mesmo que próprio), apesar de em determinados aspectos me fazer lembrar António Lobo Antunes (escuso-me a comparações). Adorei a sua maneira de escrever, as palavras que usa, a organização dos capítulos, onde distingue claramente o passado e presente, que denomina por “antes” e o “agora” e nos dois capítulos finais o presente e o futuro, a que chama. “agora e sempre”.

Aconselho a ler! Eu já comecei a ler o “A Casa Quieta”...


Agora deixo-vos com algumas citações para abrir o “apetite”:

“Dentro de ti, ainda que nunca suspeitasses.
Também a terra acaba onde o mar começa.
Entras em poiso firme. Agora esbracejas, liquida.
Em ti, a terra também acaba e o mar começa.
É onde o diabo faz o ninho.”

“Eu consigo voar.
Flutuo por onde me apetece.
Raso picos de montanhas e suspendo-me coberto pela primeira nuvem da noite.
Se quiser, paro.
Rodopio.
Precipito-me da cabeça para baixo, deixo-me ir, abro os braços.
Tenho sempre fome.
Vagueio, procuro.
Nunca encontro.
Sou transparente, já indefinido.
Sou vazio e estranho-me em tudo.”

“Do que recordas eu era cadáver.
E nos buracos mais fundos me buscavas cuidando atrair-me.
Sabendo que me resto imemorial, à deriva em carne fresca, o proibido que negas quando só eu decido.
E me perfumo incessante no sangue dos mártires que convocas.
E me alimento do que me atiras para me matar.”

“O coração é um bicho (…), um dragão, a besta, o falso profeta (…), onde a verdade e a mentira se agridem até à morte”

“Porque o coração é um bicho e não ouve.”

sábado, maio 13, 2006

Poderei eu confiar em mim, se a presença de nós é incontornavelmente a mestre. A tendência da sobreposição de nós sobre mim é assoladora e não me permite respirar. Vivo numa câmpanula onde me resta apenas o dióxido de carbono que tu libertas. O meu mundo está rodeado de vidros e da fragilidade que eles representam. Mas estou protegida pelo manto de invisibilidade com que me cubro.
Talvez nunca tenha aprendido a viver no exterior dessa câmpanula...
Penso que nunca conseguiria respirar oxigénio...

quinta-feira, maio 11, 2006

Esqueci-me de mim...

terça-feira, março 14, 2006

"Não vais achar nada bem
Que eu pague a conta em raiva
E pudesse eu pagar de outra forma"
Ouvi Dizer - Ornatos Violeta

segunda-feira, março 06, 2006

Medo de sofrer...

Embrutecida com um espasmo de dor, acordo isolado da vida.
Procuro desenfreadamente um espaço só meu onde possa aliviar a dor.
Ela é presistente e irremediavelmente forte.
Curvo-me sobre mim mesma e coloco-me na posição fetal na qual estive 9 meses (ou quase), no único sitio onde me senti realmente leve, apartada de dor e sofrimento.
Aqui é tudo tão agressivo: o ar, a luz, o odor, o calor, o frio... a dor!
Mas não posso continuar assim...

Enforco o medo e abraço a coragem... Saio... Sei o que vou encontrar, mas não o posso evitar...

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

O Corvo

de Edgar Allan Poe
(Tradução de Fernando Pessoa, ritmicamente conforme o original)

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!M
as, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais".

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.
"Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais."

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais".

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse.
"Parte!Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!


quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Manias

Acendendo ao convite do Silver-Bullet aqui vão as minhas 5 manias:

- Mania de por dois despertadores para acordar de manha (um junto à cama que toca primeiro para eu saber que ainda tenho mais 5 minutos para dormir e outro longe, para me obrigar a levantar para o desligar e não correr o risco de adormecer). Não é normal pois não?

- Mania de ouvir música com um volume prejudicial à minha saúde auditiva ;)

- Mania de pegar no carro e conduzir por locais que desconheço quando estou chateada

- Mania de ver as televendas quando me deito mais tarde e ler os classificados dos jornais (ou comprar o “Ocasião”) mesmo sabendo à partida que nunca vou comprar nada do que ali está

- Mania de dormir com meias (mesmo quando não está frio)


Agora convoco o Antonior, o Conde, o Burden and Chaos, a Impressão Digital e a Lua de Inverno


As regras:
"Cada blogger nomeado tem de enumerar cinco manias suas, hábitos pessoais que os diferenciem do comum dos mortais.E além de tornar público o conhecimento dessas particularidades, terão de nomear cinco outros bloggers para participarem igualmente no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogs, aviso do "recrutamento".
Além disso cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blog."

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Salto ou não?

Hoje perdi-me. Estava sentada no muro da morte, indecisa entre saltar o muro ou erguer-me e atravessá-lo pé ante pé, para evitar a queda.
Mas como sempre o meu carácter decidido (ou quase) não me deixou saltar... Ao invés apeteceu-me correr, correr em cima do muro, desafiar a vida (ou a morte) e correr riscos...
Afinal a vida sem riscos não é uma monotonia?! E se o é porque é que todos nós procuramos essa monotonia, através da tão ansiada "estabilidade".
Cheguei ao fim do muro... Tive sorte (ou azar), não caí!

Vou continuar por aqui e por ali, até quando eu quiser (talvez)...

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Elogio ao Amor

Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.

Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".

O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje, incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia,são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?

O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.

Amor é amor.
É essa beleza.
É esse perigo.

O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.

Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.

O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A"vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária.

A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.

Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder.

Não se pode resistir.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.


Miguel Esteves Cardoso

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Precisa-se de matéria prima para construir um País

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa. Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte... Fico triste. Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!

Eduardo Prado Coelho - in Público

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Parabéns (e Obrigada)

"há dias que o lápis te foge, resiste como um objecto estranho
presistes, esboças o rosto de cera apercebido no espelho,
no fundo quieto do rio
sorris
o lápis volta a obedecer-te
no rosto abrem-se olhos, flores, águas, cristais, lodos, geometrias, fogos, animais sem nome
que deixas à solta fora do teu corpo, em precária liberdade"
Al Berto
Apeteceu-me pegar no lápis de carvão e esboçar o teu rosto...

Apetece-me gritar "Obrigada!"
Obrigada por existires,
Obrigada por te teres cruzado no meu caminho,
Obrigada por me teres ajudado a descobrir quem sou, o que quero e para onde vou...
Obrigada por me aceitares como sou, por me ouvires, por me tentares compreender...
Obrigada por me deixares chorar quando preciso, por me fazeres rir quando me apetece rir, por tornares a ninha vida num sonho quando o mundo à minha volta me faz acreditar que estou num inferno...
Obrigada por me roubares deste marasmo e me fazeres sentir feliz...
Obrigada por me teres ensinado a Amar-te!!!

Tudo isto para te dar os Parabéns (pelo teu aniversário) por seres quem és!


Nunca consegui escrever o que penso sobre o amor... É-me díficil expressar sobre esse sentimento e quando tento fazê-lo (raras vezes) saio-me sempre mal...
Nunca consegui escrever o que quero, o que sinto e o que quero que quem leia entenda...
Mas hoje é um dia especial para ti (e para mim porque te amo) e tu mereceste que eu tentasse, apesar de ter a plena convicção que foi uma tentativa falhada.
Por isso, quero que saibas que o que escrevi é irremediavelmente redutor para espelhar o que sinto. Para que entendas isto eleva estas palavras ao expoente máximo da loucura e multiplica-as pela minha vida... Só assim saberás o que sinto por ti...

Apetece-me abraçar-te....

terça-feira, janeiro 31, 2006

Saudade...

Luz opaca que acende e apaga
Corpo adormecido que chora
Dor latejante que me atormenta
Nada do que sou é meu
Tudo o que quero é teu

Cheiro transparente onde estás?
Quero sentir-te...
O que és?
Oh ávida esperança de te encontrar
Longe te espero onde não estás...

Sempre acordada, nunca adormeço
Olhos carregados no pensamento
Perco-me onde nunca me vou encontrar
Luto de preto
E assim permaneço...

Folha branca, caneta vermelha
Risco tudo até não haver um só espaço em branco
Sinto que tenho o coração nas mãos
Rasgo a folha para deixar de o sentir
E enfim partir...

sábado, janeiro 28, 2006

Olhares...

É só pra dizer que criei um espaço meu no olhares.com
Para aceder entrem em http://www.olhares.com/SynneSoprana

Fico à espera das vossas críticas...

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Palavras sem sentido...

Olha-me, ouve-me, sente-me…
É sempre assim tão difícil?!
Leva-me para longe, não me perguntes nada
Desdobra-te em pedaços de mim e quebra o compasso de espera que há entre nós,
Porque o tempo é vão e não existe,
Porque existir é mais do que viver,
Porque viver é sentir que temos todo o tempo…

Silêncio!

Deixa-me sentir-te respirar,
Inspira, expira, inspira, expira…
Não pares, não penses…
És sempre assim?!
Gostava de aprender a inalar uma golfada de ar e sustê-lo dentro de mim…
Gostava de sentir que tenho vida E QUE EXISTO!!!

sábado, janeiro 07, 2006

Lost Angel

Carvão - Terminado a 05/01/06

Lost Angel's Garden has been described as a place of "absolute darkness", "really peaceful, yet really empty". It is a generally beautiful place, but laced with strong emotional undercurrents of helplessness.