segunda-feira, maio 29, 2006

Mulher em Branco


Ontem acabei de ler o livro "Mulher em Branco" do Rodrigo Guedes de Carvalho e devo confessar que me deu mesmo prazer enorme ler cada uma daquelas linhas..
É a primeira vez que leio um livro deste escritor (jornalista e argumentista) e estou verdadeiramente surpreendida pela positiva.

Acho que tem um modo distinto de escrever (diria mesmo que próprio), apesar de em determinados aspectos me fazer lembrar António Lobo Antunes (escuso-me a comparações). Adorei a sua maneira de escrever, as palavras que usa, a organização dos capítulos, onde distingue claramente o passado e presente, que denomina por “antes” e o “agora” e nos dois capítulos finais o presente e o futuro, a que chama. “agora e sempre”.

Aconselho a ler! Eu já comecei a ler o “A Casa Quieta”...


Agora deixo-vos com algumas citações para abrir o “apetite”:

“Dentro de ti, ainda que nunca suspeitasses.
Também a terra acaba onde o mar começa.
Entras em poiso firme. Agora esbracejas, liquida.
Em ti, a terra também acaba e o mar começa.
É onde o diabo faz o ninho.”

“Eu consigo voar.
Flutuo por onde me apetece.
Raso picos de montanhas e suspendo-me coberto pela primeira nuvem da noite.
Se quiser, paro.
Rodopio.
Precipito-me da cabeça para baixo, deixo-me ir, abro os braços.
Tenho sempre fome.
Vagueio, procuro.
Nunca encontro.
Sou transparente, já indefinido.
Sou vazio e estranho-me em tudo.”

“Do que recordas eu era cadáver.
E nos buracos mais fundos me buscavas cuidando atrair-me.
Sabendo que me resto imemorial, à deriva em carne fresca, o proibido que negas quando só eu decido.
E me perfumo incessante no sangue dos mártires que convocas.
E me alimento do que me atiras para me matar.”

“O coração é um bicho (…), um dragão, a besta, o falso profeta (…), onde a verdade e a mentira se agridem até à morte”

“Porque o coração é um bicho e não ouve.”

sábado, maio 13, 2006

Poderei eu confiar em mim, se a presença de nós é incontornavelmente a mestre. A tendência da sobreposição de nós sobre mim é assoladora e não me permite respirar. Vivo numa câmpanula onde me resta apenas o dióxido de carbono que tu libertas. O meu mundo está rodeado de vidros e da fragilidade que eles representam. Mas estou protegida pelo manto de invisibilidade com que me cubro.
Talvez nunca tenha aprendido a viver no exterior dessa câmpanula...
Penso que nunca conseguiria respirar oxigénio...

quinta-feira, maio 11, 2006

Esqueci-me de mim...