domingo, dezembro 23, 2012

À Espera de Moby Dick - Nuno Amado


Esta semana terminei este livro, que comecei sem grande expectativa. Na verdade, comprei-o quando li este texto http://horasextraordinarias.blogs.sapo.pt/145132.html, no blog da Maria do Rosário Pedreira.
Agora que o acabei, posso dizer que me apetece voltar ao início. Não tenho por hábito reler livros, mas sinto que preciso de absorver melhor as palavras que acabei de ler.
Gostaria de alguma forma de vos transmitir o que senti quando li o livro, mas tenho a nítida sensação que não o conseguirei fazer, pelo menos como gostaria.
Tentando fugir à vontade de vos contar a história, deixo apenas algumas considerações que não serão, com toda a certeza, determinantes para a compreensão de todo o enredo, mas que espero que vos abram o “apetite” para o conhecer melhor.
O livro é composto por cartas, apenas cartas. Cartas que o protagonista envia a um amigo, e que dizem tanto, de tal forma que nos dão a conhecer o receptor, a relação de ambos, as pessoas com que o protagonista se cruza na sua “nova vida”. Estas personagens estão deliciosamente bem caracterizadas, defeito virtuoso do autor, que é psicólogo, diria eu.
Na primeira carta, o protagonista começa por assegurar, de forma inequívoca, “não me vou matar”. Continua afirmando que a sua fuga para os Açores, se prende apenas com a tentativa de avistar uma baleia. Este início que, de alguma forma, roça o absurdo vai-nos prendendo na tentativa de lhe dar algum sentido.
E o sentido surge, a esperança de ultrapassar “aquilo-que-aconteceu”.
No meio destas cartas, somos surpreendidos por algumas, enviadas a remetentes improváveis, como o Instituto Nacional de Estatística, recheadas de uma boa dose de humor, que parece contrastar com os sentimentos obscuros que este livro explora.
Existem ainda cartas que nos permitem viajar, cartas de alguém que discorre sobre lugares por onde passa, demora-se na sua descrição e presenteia-nos com a sua ânsia de viver e viajar. Esta personagem parece ser, de certa forma, uma antítese da personagem principal. Deixo-vos a prazerosa missão de descobrir quem é.
Este é um livro que entra devagarinho, sem pedir permissão, e sem darmos conta, estamos totalmente enleadas nas suas teias, com metáforas que ecoam na nossa mente e frases que nos perseguem firmemente.
Como diria o protagonista “Oscar Wildes me maldigam em ditos espirituosos, pois sinto que me estou a expressar de forma muito pobre”, por isso o melhor mesmo é lerem o livro.

Termino com uma citação:
“Correr para a vida não é o mesmo que fugir da morte. Correr para escapar às sombras não é o mesmo que correr para a luz. Parece, parece, parece, mas não é. Um dos muitos problemas é esquecer-me de que não se mantém um cubo de gelo na mão por muita força com que o apertemos.”

2 comentários:

reino_das_duvidas disse...

Gostei muito do teu texto. Diria que também escreves muito bem.
Fiquei ainda mais interessada em ler o livro.
Obrigada.

Anónimo disse...

saudades de te "ler"