Esta semana terminei este livro, que comecei sem grande
expectativa. Na verdade, comprei-o quando li este texto http://horasextraordinarias.blogs.sapo.pt/145132.html,
no blog da Maria do Rosário Pedreira.
Agora que o acabei, posso dizer que me apetece voltar ao
início. Não tenho por hábito reler livros, mas sinto que preciso de absorver
melhor as palavras que acabei de ler.
Gostaria de alguma forma de vos transmitir o que senti
quando li o livro, mas tenho a nítida sensação que não o conseguirei fazer,
pelo menos como gostaria.
Tentando fugir à vontade de vos contar a história, deixo
apenas algumas considerações que não serão, com toda a certeza, determinantes
para a compreensão de todo o enredo, mas que espero que vos abram o “apetite”
para o conhecer melhor.
O livro é composto por cartas, apenas cartas. Cartas que o
protagonista envia a um amigo, e que dizem tanto, de tal forma que nos dão a
conhecer o receptor, a relação de ambos, as pessoas com que o protagonista se cruza
na sua “nova vida”. Estas personagens estão deliciosamente bem caracterizadas,
defeito virtuoso do autor, que é psicólogo, diria eu.
Na primeira carta, o protagonista começa por assegurar, de
forma inequívoca, “não me vou matar”. Continua afirmando que a sua fuga para os
Açores, se prende apenas com a tentativa de avistar uma baleia. Este início que,
de alguma forma, roça o absurdo vai-nos prendendo na tentativa de lhe dar algum
sentido.
E o sentido surge, a esperança de ultrapassar
“aquilo-que-aconteceu”.
No meio destas cartas, somos surpreendidos por algumas, enviadas a remetentes improváveis, como o Instituto Nacional de
Estatística, recheadas de uma boa dose de humor, que parece contrastar com os
sentimentos obscuros que este livro explora.
Existem ainda cartas que nos permitem viajar, cartas de
alguém que discorre sobre lugares por onde passa, demora-se na sua descrição e
presenteia-nos com a sua ânsia de viver e viajar. Esta personagem parece ser,
de certa forma, uma antítese da personagem principal. Deixo-vos a prazerosa
missão de descobrir quem é.
Este é um livro que entra devagarinho, sem pedir permissão,
e sem darmos conta, estamos totalmente enleadas nas suas teias, com metáforas que
ecoam na nossa mente e frases que nos perseguem firmemente.
Como diria o protagonista “Oscar Wildes me maldigam em ditos
espirituosos, pois sinto que me estou a expressar de forma muito pobre”, por
isso o melhor mesmo é lerem o livro.
Termino com uma citação:
“Correr para a vida não é o mesmo que fugir da morte. Correr
para escapar às sombras não é o mesmo que correr para a luz. Parece, parece,
parece, mas não é. Um dos muitos problemas é esquecer-me de que não se mantém
um cubo de gelo na mão por muita força com que o apertemos.”
2 comentários:
Gostei muito do teu texto. Diria que também escreves muito bem.
Fiquei ainda mais interessada em ler o livro.
Obrigada.
saudades de te "ler"
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