quarta-feira, junho 21, 2006

Delírios

Em oposição à tua verdade, desenhei num estrado aquilo que parece ser a minha monumental incongruência.
Delirante por conseguir exprimir o que não sei dizer, vibro e balanceio suspensa numa harpa.
Toco notas musicalmente monótonas, arrepiantes para quem não as consegue entender.
Julgo-me perdida e cansada de infrutuosamente tentar controlar a minha demência.
Tento a todo o custo camuflá-la sob a forma de "diferença", mas sem sucesso.
Meço as consequências da tirania e entrego-me ao esplendor da loucura.
Vagueio atordoada, com passos sombrios que não são meus e piso o teu fado sem querer.
Peço desculpa e continuo.
Para onde?
Porque ?
Para que?
Não sei...
Mas continuo...

8 comentários:

Winterdarkness disse...

Este texto expressa em parte aquilo que tb sinto neste momento... N sei se avance se recue; n sei se me hei-de guiar pela verdade pq tenho medo das mudanças que isso possa trazer... Kisses

Anónimo disse...

"Se te encontras entre a espada e a parede experimenta acabar com a incompetência que está tão bem distribuída por essas figuras anónimas e frias com uma frustração acidental, mas imitados por gente banal com uma insipiência disfarçada que se divertem a inventar maldades por puro exibicionismo, por não saberem distinguir o vulgar do intelectual, simplesmente porque não usam a cabeça, porque não ousam olhar para trás ou para os lados, só olham para a frente ou para eles, para bem dentro deles e fazem tudo o que lhes mandam sem questionar – porquê habitar neste país? Para quê viver neste planeta? Será que tudo cresce numa proveta? O que faço? Para que sirvo? Porque vivo? Porquê viver? Será que o melhor é tudo esquecer? – Se calhar assim evito sofrer – será que o que sinto é o mais profundo?
Sinceramente não sei… mas sei que quero ter uma alma cigana, que viva à Robin dos Bosques… uma alma livre… uma alma alegre… uma alma que encanta e fascina… uma alma que nada deve… uma alma que arrisca e ousa voar sem rumo pelo mais profundo fundo que há no mundo..." excerto de "Mar de duvidas" de R.R. in resinto.blogspot.com

depois de ler este teu texto lembrei-me do dele e deixei-te aqui um excerto porque é algo que vale a pena ser lido.
gostei muito do que escreveste, espero continuar a ter o prazer de ler amis textos como estes.

antonior disse...

Continua, vai em frente, mas sem pedir desculpa. Ninguém tem culpa de viver, por isso não tem de pedir desculpa.

Diferença, demência, incongruência, são direitos que te são legítimos por, simplesmente, existires. Não tens por eles de pedir desculpa.

As nossas vidas cruzam-se, sempre, por um qualquer acaso, e unem-se porque fazem sentido, separam-se porque não fazem sentido. Também por isso não há que pedir desculpa.

A culpa foi uma forma que a humanidade encontrou para aplicar a sua estupidez no objectivo de ser infeliz. Talvez pela absurda vergonha de ser livre e poder viver em plenitude...

Vai em frente. Liberta-te. Torna-te, emocionalmente, independente dos outros. Ama-te, primeiro. Conseguirás Amar, em plenitude, e assim ser retribuída.

Um beijinho

Unknown disse...

Gostei.

«a minha demência. Tento a todo o custo camuflá-la sob a forma de "diferença", mas sem sucesso.»
Estarás demente? Ou serão os outros? Esta frase diz-me muito. Mais do que consigo exprimir agora. Até porque não sei vale a pena querer demontrar a diferença a todo o custo.

Mais te digo apenas que, se fores, não peças desculpa por seres.

:*

DarkViolet disse...

Como o vazio dilacera a vontade de morrer...Uma lâmina de camaleão...

Ana João disse...

não hà que pedir desculpa por algo que sóa ti diz respeito. a hesitação faz parte da vida...

Perséfone disse...

desde que continues.. isso é o que se quer sempre :)


*

Misantrofiado disse...

Primeiro, reconheci a imagem de apresentação, depois o nick "Synne Soprana" chamou-me à atenção... decidi espreitar e... "foda-se"!!!
Vim lendo por aí abaixo e decidi parar neste post, com o olho bem metido no "Eternity part III".
Podíamos ser irmãos, por exemplo!